segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

NUVEM E RAIZ

A nuvem sempre passa e constantemente se transforma. A raiz, ao contrário, busca a fixação.
Ser nuvem ou ser raiz? Como nos situamos considerando esse paradoxo? Sou como raiz, me aprofundando nas minhas convicções, ou sou como nuvem, constantemente em mudança.
Penso, nem só nuvem, nem só raiz, mas nuvem e raiz. Raiz, quando as tempestades passageiras, com suas nuvens carregadas se aproximarem, trazendo toda sorte de violentas e radicais transformações, desafiando nossas certezas, tombando as velas que nos conduzem a um destino bem programado, destruindo o que existe de sólido e duradouro..., ser como raiz, prender-se a terra, fixar-se, aprofundar-se cada vez mais quando a ameaça estiver próxima, quando a força do vento nos empurrar para o abismo, quando ceder é servir de munição contra si mesmo e contra o próximo. Ser nuvem, transformar-se, nascer de novo, viver uma nova vida, desapegar-se, livrar-se das correntes do mundo, ser leve, imperceptível, inatingível, flutuar por sobre as descabidas exigências, desvincular-se do mal, entregar-se aos ventos do Senhor. Assim, nuvem e raiz, tanto nuvem quanto raiz, tão extremamente opostos, mas ao mesmo tempo, feitos, agora, dependentes.

Um comentário:

Padre Elílio disse...

Caro W. Soares,

Belo texto! Parabéns!