tag:blogger.com,1999:blog-88474284184667024002024-03-19T00:08:48.151-03:00UT SINGULIFÉ, FIDELIDADE, CONVICÇÃO E CORAGEM.WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.comBlogger15125tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-73270107506833917312009-06-09T13:21:00.002-03:002009-06-09T14:08:39.130-03:00O CORAÇÃO DO HOMEMO que busca o homem? Qual o sentido das suas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">ações</span>? O que quer conquistar na vida?<br />Vejo o homem como um louco, correndo para o nada. Foi alimentado pela cultura do individualismo e acreditou que essa seria a sua salvação. A vaidade descontrolada fez nascer uma ambição doentia e essa, tornou-se a principal inimiga das verdadeiras boas intenções. Mergulhado nessa busca pela <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">auto satisfação</span>, acaba o homem por esquecer de procurar o verdadeiro sentido da vida. Consumido por um fogo que não se apaga, segue trilhando <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">insanamente</span> o caminho que o leva a perdição.<br />A verdadeira satisfação nunca vem, é o que observa o homem ambicioso já no final de sua vida. Já não tem forças para buscar a Verdade e o Absoluto, e assim, deixa-se consumir pelo pouco da vaidade que ainda lhe resta. É patético, lastimável e repugnante constatar o quanto equivocado e por conseguinte desamparado segue o homem a caminhar.<br />Agradar a Deus Pai, nem pensar, agora, exigir <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_3">bênçãos</span> relacionadas a suas perversas e vazias <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_4">pretensões</span>...<br />"Felizes somos nós, Israel, pois o que agrada a Deus nos foi revelado" <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">Baruc</span>, IV,4WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-47033530903175151252009-06-04T15:46:00.004-03:002009-06-09T14:09:37.596-03:00ORAR E CONTEMPLARDepois de um longo <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">período</span> voltei!<br />Sinto que venho amadurecendo na fé, sei que fui escolhido , e não posso, de forma alguma, negar esse valoroso chamado.<br />Tenho visto e ouvido diversas observações relacionadas à Igreja, ao cristianismo e ao mundo. Observo com atenção sem muito me prender a isso, já que, nessa fase de minha conversão, o que me basta e contemplar e orar.WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-41066129365275810532009-02-26T15:03:00.005-03:002009-02-26T15:32:13.133-03:00TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS<div align="justify">Glorioso Pai, só tu me conheces, só tu conheces os meus <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">anseios</span>. </div><div align="justify">Quando nada mais resta, quando pouco significa os prazeres da carne, a minha alma <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">engrandece</span>. </div><div align="justify">Nada tenho a cumprir, nada a executar que não seja aquilo que te agrada. Assim me liberto, assim busco o que é vital.</div><div align="justify">Meu Pai, foi partindo o meu coração que me chamaste, e é nele, partido, que percebo a sua presença.</div><div align="justify">Senhor, tenha piedade dos <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">anseios</span> de outrora que ainda em mim <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_3">habitam</span>.</div><div align="justify">E que, agora e sempre, tudo em minha vida seja feito para a tua Glória.</div><div align="justify">Obrigado meu Bom Pastor, por esse dia, por esse momento.</div><div align="justify">Que a tua vontade, já manifestada, seja cumprida.</div><div align="justify"></div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-15397436486225952612009-02-12T14:00:00.002-02:002009-02-12T14:05:40.468-02:00BENTO XVI APRESENTA "ESCADA DO PARAÍSO " A PARTIR DE JOÃO CLÍMACO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjePtTJvyXzWlpjrRMGKyjudhxZFxHV_Gn47gUqQgWUkoub-QGllrkTpIsBTve7WqsrKRNvFLkTGAADujRtns8k8qenJ3j4xObNmGTQ2YHt-OzuOzujBQucFEWITQkRmekPZlN4ckhMWx0/s1600-h/s_joao_climaco.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5301942669224974018" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 215px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjePtTJvyXzWlpjrRMGKyjudhxZFxHV_Gn47gUqQgWUkoub-QGllrkTpIsBTve7WqsrKRNvFLkTGAADujRtns8k8qenJ3j4xObNmGTQ2YHt-OzuOzujBQucFEWITQkRmekPZlN4ckhMWx0/s320/s_joao_climaco.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Durante a audiência geral<br />CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (<a href="http://www.zenit.org/" target="_blank">ZENIT.org</a>).- Oferecemos a seguir a catequese que Bento XVI deu durante a audiência geral aos peregrinos na Sala Paulo VI.<br />* * *<br />Queridos irmãos e irmãs:<br />Depois de vinte catequeses dedicadas ao apóstolo Paulo, quero retomar hoje a apresentação dos grandes escritores da Igreja do Oriente na Idade Média. E proponho a figura de João, chamado Clímaco, transliteração latina do termo grego klímakos, que significa da escada (klímax). Trata-se do título de sua obra principal, na qual descreve a escada da vida humana até Deus. Ele nasceu por volta do ano 575. Sua vida aconteceu nos anos em que Bizâncio, capital do Império romano do Oriente, conheceu a maior crise de sua história. De repente, o quadro geográfico do império mudou e a torrente das invasões bárbaras fez cair todas as estruturas. Restou apenas a estrutura da Igreja, que nesses tempos difíceis continuou com sua ação missionária, humana e sócio-cultural, especialmente através da rede dos mosteiros, nos quais estavam grandes personalidades religiosas, como era precisamente o caso de João Clímaco.<br />Entre as montanhas do Sinai, onde Moisés encontrou Deus e Elias ouviu sua voz, João viveu e narrou suas experiências espirituais. Conservaram-se notícias dele em uma breve Vida (PG 88, 596-608), escrita pelo monge Daniel de Raito: aos 16 anos, João, monge no monte Sinai, tornou-se discípulo do abade Martirio, um «ancião», ou seja, um «sábio». Por volta dos 20 anos, escolheu viver como eremita em uma gruta aos pés de um monte, na localidade de Tola, a oito quilômetros do atual mosteiro de Santa Catarina. Mas a solidão não o impediu encontrar pessoas desejosas de ter um guia espiritual, nem visitar alguns mosteiros perto de Alexandria. Seu retiro eremítico, de fato, longe de ser uma fuga do mundo e da realidade humana, conduziu-o a um amor ardente aos demais (Vida 5) e a Deus (Vida 7). Após 40 anos de vida eremítica vivida no amor a Deus e ao próximo, anos durante os quais chorou, rezou, lutou contra os demônios, foi nomeado higúmeno (superior, N. do T.) do grande mosteiro do monte Sinai e voltou assim à vida cenobítica, no mosteiro. Mas alguns anos antes de sua morte, nostálgico da vida eremítica, passou ao irmão, monge do mesmo mosteiro, a guia da comunidade. Morreu depois do ano 650. A vida de João se desenvolve entre duas montanhas, o Sinai e o Tabor, e verdadeiramente se pode dizer dele que irradiava a luz que Moisés viu no Sinai e que os apóstolos contemplaram no Tabor.<br />Ele se tornou famoso, como já disse, por sua obra «A Escada» (klímax), chamada no Ocidente de Escada do Paraíso (PG 88, 632-1164). Composta pelas insistentes petições do higúmeno do mosteiro de Raito, perto do Sinai, a Escada é um tratado completo da vida espiritual, na qual João descreve o caminho do monge desde a renúncia ao mundo ate a perfeição do amor. É um caminho que – segundo este livro – acontece através de 30 escadas, cada uma das quais está unida à seguinte. O caminho pode resumir-se em três fases sucessivas: a primeira mostra a ruptura com o mundo, com o fim de voltar ao estado de infância evangélica. O essencial, portanto, não é a ruptura, mas a união com o que Jesus disse, a volta à verdadeira infância em sentido espiritual, o chegar a ser como crianças. João comenta: «um bom fundamento é formado por três bases e três colunas: inocência, jejum e castidade. Todos os recém-nascidos em Cristo (cf. 1 Cor 3, 1) devem começar por estas coisas, tomando o exemplo dos recém-nascidos fisicamente» (1, 20; 636). O afastamento voluntário das pessoas e lugares queridos permite à alma entrar em comunhão mais profunda com Deus. Esta renúncia desemboca na obediência, que é o caminho da humildade, através das humilhações – que não faltarão nunca – por parte dos irmãos. João comenta: «Bendito aquele que mortificou sua própria vontade até o final e que confiou o cuidado de sua pessoa ao seu mestre no Senhor: será colocado à direita do Crucificado» (4, 37; 704).<br />A segunda fase do caminho está constituída pelo combate espiritual contra as paixões. Cada escada está unida a uma paixão principal, que é definida e diagnosticada, indicando também a terapia e propondo a virtude correspondente. O conjunto destas escadas constitui sem dúvida o mais importante tratado de estratégia espiritual que possuímos. A luta contra as paixões se reveste de positividade – não se vê como uma coisa negativa – graças à imagem do «fogo» do Espírito Santo: «Todos aqueles que empreendem esta bela luta (cf. 1 Tm 6, 12), dura e árdua, [...], devem saber que vieram para lançar-se ao fogo, se verdadeiramente desejam que o fogo imaterial habite neles» (1, 18; 636), o fogo do Espírito Santo, que é o fogo do amor e da verdade. Só a força do Espírito Santo assegura vitória. Mas, segundo João Clímaco, é importante tomar consciência de que as paixões não são más em si mesmas; só o são pelo mau uso que a liberdade do homem faz delas. Se forem purificadas, as paixões abrem ao homem o caminho para Deus com energias unificadas pela ascética e pela graça e, «se receberam do Criador uma ordem e um princípio..., o limite da virtude não tem fim» (26/2, 37; 1068).<br />A última fase do caminho é a perfeição cristã que se desenvolve nos últimos sete degraus da Escada. Estes são os estágios mais altos da vida espiritual, experimentados pelos esicasti, os solitários, que chegaram à quietude e à paz interior; mas são estágios acessíveis também aos cenobitas mais fervorosos. Dos três primeiros – simplicidade, humildade e discernimento – João, em linha com os Padres do deserto, considera mais importante este último, ou seja, a capacidade de discernir. Todo comportamento deve submeter-se ao discernimento, tudo depende, de fato, de motivações profundas, que é necessário explorar. Aqui se entra no profundo da pessoa e se trata de despertar no eremita, no cristão, a sensibilidade espiritual e o «sentido do coração», dom de Deus: «Como guia e regra de todas as coisas, depois de Deus, devemos seguir a nossa consciência» (26/1, 5; 1013). Desta forma se chega à tranquilidade da alma, a esichía, graças à qual a alma pode vislumbrar o abismo dos mistérios divinos.<br />O estado de quietude, de paz interior, prepara o esicasta para a oração, que em João é dupla: a «oração corpórea» e a «oração do coração». A primeira é própria de quem deve fazer-se ajudar por posturas do corpo: estender as mãos, sussurrar, bater no peito etc. (15, 26; 900); a segunda é espontânea, porque é efeito do despertar da sensibilidade espiritual, dom de Deus a quem se dedica à oração corpórea. Em João esta toma o nome de «oração de Jesus» (Iesou euché) e é constituída pela invocação do nome de Jesus, uma invocação contínua como a respiração: «A memória de Jesus se faz uma com tua respiração, e então descobrirás a verdade da esichía», da paz interior (27/26; 1112). No final, a oração se torna algo muito simples, a palavra «Jesus» se converte em uma só coisa com a nossa respiração.<br />O último degrau da escada (30), repleto da «sóbria embriaguez do Espírito», dedica-se à suprema «trindade das virtudes»: a fé, a esperança e sobretudo a caridade. Da caridade, João fala também como eros (amor humano), figura da união matrimonial da alma com Deus. E escolhe mais uma vez a imagem do fogo para expressar o ardor, a luz, a purificação do amor a Deus. A força do amor humano pode ser reorientada para Deus, como sobre a oliveira pode-se enxertar oliva boa (cf. Rm 11, 24) (15, 66; 893). João está convencido de que uma experiência intensa desse eros faz a alma avançar mais que a dura luta contra as paixões, porque é grande seu poder. Prevalece, portanto, a positividade do nosso caminho. Mas a caridade se vê também em relação estreita com a esperança: «A força da caridade é a esperança: graças a ela esperamos a recompensa da caridade... A esperança é a porta da caridade... A ausência da esperança anula a caridade: a ela estão vinculadas nossas fadigas, por ela nos sustentamos em nossos problemas e graças a ela estamos rodeados pela misericórdia de Deus» (30, 16; 1157). A conclusão da Escada contém a síntese da obra, com palavras que o autor atribui ao próprio Deus:« Que esta escada te ensine a disposição espiritual das virtudes. Eu estou no cume desta escada, como disse aquele grande iniciado meu (São Paulo): ‘Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade’» (30, 18; 1160).<br />Neste ponto, impõe-se uma última pergunta: a Escada, obra escrita por um monge eremita que viveu há 1400 anos, pode dizer-nos algo hoje? O itinerário existencial de um homem que viveu sempre na montanha do Sinai em um tempo tão distante, pode ser de atualidade para nós? Em um primeiro momento, pareceria que a resposta deveria ser «não», porque João Clímaco está muito longe de nós. Mas, se observarmos um pouco mais de perto, vemos que aquela vida monástica é só um grande símbolo da vida batismal, da vida do cristão. Mostra, por assim dizer, em letras grandes o que nós escrevemos cada dia com letra pequena. Trata-se de um símbolo profético que revela o que é a vida do batizado, em comunhão com Cristo, com sua morte e sua ressurreição. Para mim, é particularmente importante o fato de que o cume da escada, os últimos degraus sejam ao mesmo tempo as virtudes fundamentais, iniciais, mais simples: a fé, a esperança e a caridade. Não são virtudes acessíveis só aos heróis morais, mas um dom de Deus para todos os batizados: nelas também cresce a nossa vida. O início é também o final, o ponto de partida é também o ponto de chegada: todo o caminho se dirige a uma realização cada vez mais radical da fé, da esperança e da caridade. Nestas virtudes está presente a escada. Fundamentalmente é a fé, porque esta virtude implica em que eu renuncie à arrogância, ao meu pensamento, à pretensão de julgar por mim mesmo, sem confiar-me a outros. Este caminho para a humildade, para a infância espiritual, é necessário: é necessário superar a atitude de arrogância que faz dizer: eu sou melhor, neste tempo meu do século XXI, do que sabiam os que viviam naquele então. É necessário, ao contrário, confiar-se somente à Sagrada Escritura, à Palavra do Senhor, aproximar-se com humildade do horizonte da fé, para entrar assim na enorme vastidão do mundo universal, do mundo de Deus. Dessa forma, nossa alma cresce, cresce a sensibilidade do coração para com Deus. João Clímaco diz justamente que só a esperança nos torna capazes de viver a caridade. A esperança na qual transcendemos as coisas de cada dia, não esperamos o êxito em nossos dias terrenos, mas esperamos finalmente a revelação do próprio Deus. Só nesta extensão de nossa alma, nesta autotranscendência, nossa vida se engrandece e podemos suportar os cansaços e desilusões de cada dia, podemos ser bons com os demais sem esperar recompensa. Só se Deus existe, esta grande esperança à qual tendo, posso cada dia dar os pequenos passos de minha vida e assim aprender a caridade. Na caridade se esconde o mistério da oração, do conhecimento pessoal de Jesus: uma oração simples que só tende a tocar o coração do divino Mestre. E assim se abre o próprio coração, aprende-se d’Ele sua própria bondade, seu amor. Usemos, portanto, esta «escada» da fé, da esperança e da caridade, e chegaremos assim à vida verdadeira.<br />[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri<br />© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana] </div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-42679429947467082712009-01-21T12:54:00.006-02:002009-01-21T15:58:55.968-02:00O RETORNO DOS ABENÇOADOS<div align="justify">Poucos reconhecem, poucos sentem, poucos têm a noção <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">exata</span>. Dia após dia, a cada hora e minuto, somos abençoados por Deus. O amor por seus filhos é tanto, que mesmo os pródigos e rebeldes, são ainda abençoados. <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">Nesse</span> mundo, onde reina o <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">maligno</span>, cujos <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_3">vassalos</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">súditos</span> o reconhecem e o aceitam, continua o Bom Pai a derramar o seu amor e a abençoar, mesmo os ingratos e não merecedores. Se a dor existe, a culpa é dos filhos, que, em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">decorrência</span> da escravidão do pecado, escravidão essa que é voluntária, acabaram por optar pelo caminho onde a dor é reflexo da escolha. Continuamos sim, a ser abençoados. O Pai , continua a acreditar nos seus filhos, prova maior foi que enviou o seu amado Filho para nos ensinar o caminho de volta, o caminho infelizmente da cruz, do sofrimento, o único caminho existente nesse mundo de trevas, onde reina <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">satanás</span>, que tem como seguidores os orgulhosos homens. Nesse único caminho, que representa na verdade o distanciamento de Deus pela escolha do homem, está também, para desespero e loucura dos amantes desse reino do mal, a única <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_7">possibilidade</span> de vencer o mundo e retornar aos braços do Pai, conforme é a Sua imensa vontade. Não é buscar o sofrimento, mas sim, aceitá-lo como inevitável e seguir, permanecendo na luta para fazer o que agrada ao Senhor, conforme nos foi revelado, o que é certamente para Ele, a grande prova de amor, o retorno do filho amado e abençoado, a vitória, a salvação. </div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-59037088946371533442009-01-14T14:50:00.001-02:002009-01-14T14:52:26.342-02:00A PROCURA DA VIDA INTERIOR<div align="justify">Garrigou-Lagrange, O. P.<br /><br />A visão imediata de Deus ultrapassa as forças naturais de toda e qualquer inteligência criada, angélica ou humana. Uma inteligência criada pode, em sua atividade natural, conhecer a Deus pelo reflexo de suas perfeições na ordem criada, mas não pode vê-lo diretamente em Si mesmo como Ele se vê<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a>.<br />O anjo e a alma humana só se tornam capazes de um conhecimento sobrenatural de Deus e de um amor sobrenatural por Ele se tiverem recebido este enxerto divino que é a graça habitual ou santificante, participação da natureza divina ou da vida íntima de Deus. Só essa graça, recebida na essência de nossa alma como um dom gratuito, pode torná-la radicalmente capaz de operações propriamente divinas, isto é, de ver a Deus diretamente como Ele se vê e de O amar como Ele se ama.<br />Em outros termos, a deificação da inteligência, e a da vontade, supõe uma deificação da própria alma (em sua essência), donde derivam essas faculdades.<br />Essa graça, quando está consumada e inamissível, se chama a glória, e dela procedem, na inteligência dos bem-aventurados do céu, a luz sobrenatural que lhes dá a força de ver a Deus, e, na vontade, a caridade infusa que lhes fez amá-Lo, sem que possam daí em diante desviar-se d’Ele.<br />Em muitas ocasiões, já o notamos, Jesus repete: “Aquele que crê em mim tem a vida eterna”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a>. Não somente ele vai tê-la mais tarde, mas, num sentido, já a tem, porque a vida da graça é a vida eterna começada.<br />É, com efeito, a mesma vida em seu fundo, como o germe que está num fruto de carvalho tem a mesma vida que o carvalho desenvolvido; como a alma espiritual da criança pequena é a mesma que, um dia, desabrochará no homem feito.<br />No fundo, é a mesma vida divina, que está em germe no cristão aqui em baixo, e que está plenamente desabrochada nos santos do céu, que são verdadeiros viventes da vida da eternidade.<br />É a mesma vida sobrenatural, a mesma graça santificante, que está no justo aqui em baixo e nos santos do céu; é também a mesma caridade infusa, com duas diferenças. Aqui em baixo nós conhecemos a Deus não na claridade da visão, mas na obscuridade da fé infusa; e, além disso, ainda que esperemos possuí-Lo de modo inamissível, aqui embaixo podemos perdê-Lo por nossa culpa.<br />Mas, apesar dessas duas diferenças, relativas à fé e à esperança, é a mesma vida, porque é a mesma graça santificante e a mesma caridade; elas devem durar eternamente. <br />UMA CONSEQÜÊNCIA IMPORTANTE<br />Segue-se, desde agora, do que acabamos de dizer, ao menos uma suposição quanto ao caráter não extraordinário da contemplação infusa dos mistérios da fé e da união com Deus que resulta disso. Esta suposição se confirmará mais e mais a seguir e se tornará uma certeza.<br />A graça santificante e a caridade, que nos unem a Deus em sua vida íntima, são, com efeito, muito superiores às graças gratis datae e extraordinárias, como a profecia e o dom das línguas, que são apenas sinais da intervenção divina e que por si mesmos não nos unem intimamente a Deus. São Paulo o afirma muito claramente<a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn3" name="_ftnref3">[3]</a>, e São Tomás o explica muitíssimo bem<a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn4" name="_ftnref4">[4]</a>.<br />Ora, é da graça santificante, chamada “graça das virtudes e dos dons”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn5" name="_ftnref5">[5]</a>, recebida por todos no batismo, e não das graças gratis datae e extraordinárias, que procede, nós o veremos, a contemplação infusa, ato da fé infusa, esclarecida pelos dons da inteligência e da sabedoria. Nisso os teólogos geralmente estão de acordo. Há então, desde agora, uma séria suposição de que a contemplação infusa e a união com Deus que daí resulta não são em si extraordinárias, como a profecia ou o dom das línguas; e, se elas não são em si extraordinárias, serão encontradas na vida normal da santidade.<br />* * *<br />Uma segunda razão é mais palpável ainda e deriva imediatamente do que acabamos de dizer: a graça santificante, estando por sua própria natureza ordenada para a vida eterna, é também ordenada de si, de modo normal, à disposição próxima perfeita para receber logo a luz da glória.<br />Com efeito, como a graça santificante é, de si, ordenada à vida eterna, ela também é ordenada a uma disposição próxima para receber a luz da glória logo após a morte, sem passar pelo purgatório. Porque o purgatório é uma pena que supõe uma falta que podia ter sido evitada, e uma insatisfação insuficiente, que podia ter sido completa, se tivéssemos aceitado melhor as penas da vida presente. É certo, com efeito, que alguém só será retido no purgatório pelas faltas que podia ter evitado ou pela negligência em repará-las. Normalmente, deveria ter feito seu purgatório nesta vida, tendo mérito, crescendo no amor, ao invés de fazê-lo depois da morte, sem ter mérito.<br />Ora, a disposição próxima para receber a luz da glória logo após a morte supõe uma verdadeira purificação, análoga à que se encontra nas almas que vão sair do purgatório, e que têm um desejo ardente da visão beatífica<a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn6" name="_ftnref6">[6]</a>. Esse desejo ardente só existe ordinariamente nesta vida na união com Deus que resulta da contemplação infusa dos mistérios da salvação. Esta parece bem, desde agora, não ser uma graça extraordinária, mas uma graça eminentemente na via normal da santidade.<br /> <br />A VIDA INTERIOR E A CONVERSA ÍNTIMA COM DEUS<br />Nostra conversatio in coelis est (Nossa conversação está no céu). (Fp 3, 20) <br />A vida interior, dizíamos nós, supõe o estado de graça, que é o germe da vida da eternidade. Entretanto, o estado de graça, que existe em toda criança após o batismo e em todo penitente que tenha recebido a absolvição de suas faltas, não basta para constituir o que se chama habitualmente a vida interior do cristão. É necessário, ainda, uma luta contra aquilo que nos faria recair no pecado e uma tendência séria da alma para Deus.<br />Deste ponto de vista, para fazer compreender o que deve ser a vida interior, convém compará-la com a conversa íntima que cada um de nós tem consigo mesmo. Sob a influência da graça, se formos fiéis, essa conversa íntima tende a se elevar, a se transformar e se tornar uma conversa com Deus. Eis aí uma observação elementar; mas as verdades mais vitais e mais profundas são as verdades elementares em que se pensou durante muito tempo, das quais se vive, e que acabam por tornar-se objeto de contemplação quase contínua.<br />Consideremos sucessivamente essas duas formas de conversa íntima, uma humana, e outra cada vez mais divina ou sobrenatural.<br /> <br />A CONVERSA DE CADA UM CONSIGO MESMO<br />Desde que o homem cesse de se ocupar exteriormente, de falar com seus semelhantes, desde que se encontre só, mesmo no meio do barulho de uma cidade grande, ele começa a entreter-se consigo mesmo. Se é jovem, pensa freqüentemente em seu futuro; se é velho, pensa no passado, e sua experiência feliz ou infeliz da vida fá-lo habitualmente julgar de maneira muito diferente as pessoas e os acontecimentos.<br />Se o homem permanece essencialmente egoísta, sua conversa íntima consigo mesmo é inspirada pela sensualidade ou pelo orgulho; ele se entretém com o objeto de sua cupidez, de sua inveja, e, como encontra em si mesmo a tristeza, a morte, busca fugir de si, exteriorizar-se, divertir-se para esquecer o vazio e o nada de sua vida.<br />Assim, a conversa íntima do egoísta consigo mesmo acaba na morte e não é, então, uma vida interior. Seu amor de si o leva a querer fazer-se o centro de tudo, a conduzir tudo a si, as pessoas e as coisas; e, como isso é impossível, ele freqüentemente chega ao desencanto e ao desgosto; torna-se insuportável para ele mesmo e para os outros e acaba por se odiar por ter querido amar-se demasiadamente; às vezes acaba por odiar a vida por ter desejado demasiadamente aquilo que há de inferior nela<a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn7" name="_ftnref7">[7]</a>.<br />Apesar de tudo, nas horas de isolamento, a conversa íntima recomeça, como que para provar ao homem que ela não pode parar. Ele gostaria de interrompê-la, mas não pode. É o fundo da alma, que tem uma necessidade incoercível, à qual precisamos dar uma satisfação. Mas, na realidade, somente Deus pode responder a ela, e precisamos de qualquer modo tomar o caminho que leva a Ele. A alma tem necessidade de se entreter com outro que não seja ela mesma. Por quê? Porque ela não é o seu próprio fim último. Porque o seu fim é o Deus vivo, e porque ela só pode repousar n’Ele. Como diz Sto. Agostinho: “Irrequietum est cor nostrum, Domine, donec requiescat in te”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftn8" name="_ftnref8">[8]</a>.<br />* * *<br />São Paulo diz (1 Cor 2, 11): “Pois quem dentre os homens conhece as coisas do homem senão o espírito do homem que nele reside? Assim também as que são de Deus ninguém as conhece senão o Espírito de Deus.”<br />Mas o Espírito de Deus manifesta progressivamente às almas de boa vontade o que Deus deseja delas e o que Ele lhes quer dar. Pudéssemos receber docilmente tudo o que Deus nos quer dar! O Senhor diz àqueles que o procuram: “Tu não me procurarias, se já me não tivesse encontrado.”<br />Essa manifestação progressiva de Deus à alma que o procura não se dá sem luta; é necessário desembaraçar-se dos laços que são as conseqüências do pecado, e pouco a pouco desaparece o que São Paulo chama de “homem velho” e se forma “o homem interior”.<br />Ele escreve aos Romanos (7, 21): “Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, apresenta-se em mim o mal. Deleito-me na lei de Deus, segundo o homem interior. Sinto, porém, nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu espírito.”<br />O que São Paulo chama de “homem interior” é o que há de principal e mais elevado em nós: a razão esclarecida pela fé e a vontade devem dominar a sensibilidade, comum ao homem e ao animal.<br />O mesmo São Paulo diz ainda: “Não percamos a coragem; ao contrário, na própria medida em que o homem exterior vai desaparecendo em nós, o homem interior se renova dia a dia.” Sua juventude espiritual é constantemente renovada, como a da águia, pelas graças que recebe todos os dias; assim como o padre que sobe ao altar pode sempre dizer, ainda que tenha 90 anos: “Introibo ad altare Dei, ad Deum qui laetificat juventutem meam — Eu venho ao altar de Deus, ao Deus que alegra a minha juventude” (Sl 13, 4).<br />* * *<br />À luz dessas palavras inspiradas, que lembram tudo o que Jesus, pregando as Beatitudes, nos prometeu e tudo o que Ele nos deu morrendo por nós, podemos definir a vida interior:<br />É uma vida sobrenatural que, por um verdadeiro espírito de abnegação e de oração, nos fez tender à união com Deus e a ela nos conduz.<br />Ela implica uma fase em que domina a purificação; outra, de iluminação progressiva, em vista da união com Deus, como ensina toda a Tradição, que distinguiu assim a via purificativa dos iniciantes, a via iluminativa dos que progridem e a via unitiva dos perfeitos.<br />A vida interior torna-se, assim, cada vez mais uma conversa com Deus, em que pouco a pouco o homem se desprende do egoísmo, do amor-próprio, da sensualidade, do orgulho.<br />Sto. Tomás insistiu muitas vezes neste ponto. Ele o fez particularmente em dois capítulos importantes da Contra Gentes, 1, c. XXI, XXII, sobre os efeitos e os sinais da habitação da Santíssima Trindade em nós.<br />“O mais próprio da amizade parece ser o conversar na companhia do amigo. Ora, a conversa do homem com Deus consiste em sua contemplação, como já dizia o Apóstolo (Fp 3, 20): ‘Nossa conversação está no céu’. Logo, como o Espírito Santo nos fez amar a Deus, conseqüentemente somos constituídos como contempladores de Deus pelo Espírito Santo. Por isso diz o Apóstolo: ‘Mas todos temos o rosto descoberto, refletimos, como num espelho, a glória do Senhor, e vemo-nos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecente, pela ação do Espírito do Senhor’.”<br />Aqueles que meditarem esses capítulos XXI a XXII do I. IV da Contra Gentes poderão averiguar se, para Sto. Tomás, a contemplação infusa dos mistérios da fé está ou não na via normal da santidade. São Francisco de Sales observa em algum lugar que, enquanto o homem, ao crescer, deve bastar-se e depende cada vez menos de sua mãe, que se lhe torna menos necessária quando ele atinge a idade adulta, e sobretudo a maturidade plena, o homem interior, ao contrário, toma ao crescer cada dia maior consciência de sua filiação divina, que o faz filho de Deus, e se torna cada vez mais criança em face d’Ele, até entrar por assim dizer no seio de Deus; os bem-aventurados no céu permanecem sempre nesse seio de Deus.<br />Jesu, spes poenitentibus,Quam pius es petentibus!Quam bonus te quoerentibus!Sed quid invenientibus!<br />Ó Jesus, esperança dos penitentes,Quão terno sois para aqueles que vos imploram,Bom para aqueles que vos procuram,Mas o que não sois para aqueles que vos encontram!<br />Nec lingua valet dicere Nec Littera exprimere,Expertus potest credereQuid sit Jesum diligere.<br />Nem a língua pode dizerNem a Escritura exprimirO que é amar ao Salvador;Aquele que experimentou, pode crer nisso.<br />Sejamos daqueles que O procuram, a quem está dito: “Tu não me procurarias se já não me tivesses encontrado.”<br />(de "As Três Idades da Vida Interior". Tradução: PERMANÊNCIA. Revista PERMANÊNCIA, nº 154/155, 1981)<br /><a style="TEXT-DECORATION: none" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia.htm" target="_top">Volta para o índice</a><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Cf. Sto. Tomás, Ia., q. 12, a. 4.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> Jo, III, 36; V, 24, 39; VI, 40, 47, 55.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref3" name="_ftn3">[3]</a> Cf. I Cor., XII, 28 ss, XIII, 1ss.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref4" name="_ftn4">[4]</a> Ia. IIa, q. 111, a. 5: “Gratia gratum faciens est multo excellentior quam gratia gratis data”.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref5" name="_ftn5">[5]</a> Cf. Sto. Tomas, IIIa., q. 62, a. 1.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref6" name="_ftn6">[6]</a> Sto. Tomas explica muito bem esse vivo desejo de Deus que têm as almas do purgatório (nós aí chegaremos falando mais adiante das purificações passivas). Cf. IV Sent., d. 21, a. 1., ad tertiam. Assim, sofremos muito de fome quando, privados de alimento por mais de um dia, estaria na ordem radical de nosso organismo que nos restaurássemos. Está na ordem radical da vida da alma, da economia da salvação, possuir a Deus logo após a morte. Isso, longe de ser em si extraordinário, é a vida normal, como acontece na vida dos santos.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref7" name="_ftn7">[7]</a> Cf. Sto. Tomás, IIa IIa., q. 25, a. 7: Utrum peccatores seipsos diligant. “Mali non recte cognoscentes seipsos, non vere diligunt seipsos; sed diligunt id quod seipsos esse reputant. Boni autem vere cognoscentes seipsos, vere seipsos diligunt [...] quantum ad interiorem hominem [...] et delectabiliter ad cor proprium redeunt [...] E contrario mali non volunt conservari in integritate interioris hominis, neque appetunt ei spiritualia bona; neque ad hoc operantur; neque delectabile est eis secum convivere, redeundo ad cor, quia inveniunt ibi mala et praesentia et praeterita et futura, neque etiam sibi ipsis concordant propter conscientiam remordentem.”<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou1.htm#_ftnref8" name="_ftn8">[8]</a> Confissões, I, 1. “Nosso coração vive inquieto, na insatisfação, enquanto não repousa em Vós.” É a prova da existência de Deus pelo desejo natural da felicidade, felicidade verdadeira e durável, que só se pode encontrar no Soberano Bem, ao menos imperfeitamente conhecido e amado acima de tudo, mais do que a nós mesmos. Desenvolvemos noutro lugar esta prova, cf. La Providence et la Confiance en Dieu, pp. 50-64. </div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-6976880987933843242009-01-02T16:46:00.003-02:002009-01-02T17:14:46.113-02:00O FIEL DEPOSITÁRIOSermão de 19 de março de 1657<br />BOSSUET<br /><br /><div align="justify">É opinião generalizada e sentir comum entre os homens que o depósito, isto é, um bem que recebemos para guardar, tem qualquer coisa de sagrado e que o devemos conservar para quem no-lo confia não somente por fidelidade mas por uma espécie de sentimento religioso. Por isso o grande Santo Ambrósio nos ensina no livro 29 de seus Ofícios que era piedoso costume estabelecido entre os fiéis o de trazer aos bispos e a seu clero aquilo que se queria guardar com mais cuidado, para que fosse colocado junto ao altar, em virtude da santa persuasão em que estavam de que não havia melhor lugar para guardar um tesouro do que aquele ao qual o próprio Deus confiou a guarda dos seus, isto é, os santos mistérios.<br />Este costume se tinha introduzido na Igreja a exemplo da sinagoga antiga. Lemos na História Sagrada que o augusto templo de Jerusalém era lugar de depósito para os judeus. Autores profanos também nos ensinam que os pagãos tributavam esta honra a seus falsos deuses, colocando seus depósitos nos templos e confiando-os a seus sacerdotes, como se a própria natureza das coisas nos ensinasse que o respeito ao depósito tem algo de religioso e que não pode estar mais bem colocado do que nos lugares santos onde se reverencia a Divindade, nas mãos daqueles que a religião consagra.<br />Ora, se jamais existiu depósito que merecesse tanto ser chamado santo, santamente guardado, é este de que falo, que a providência do Pai confia à fé do justo José, tanto assim que sua casa se assemelha a um templo porque Deus aí se digna habitar e entregar-se a Si próprio em depósito. José deve ter sido, portanto, consagrado a fim de guardar tão santo tesouro. E realmente o foi, cristãos: seu corpo pela continência, sua alma por todos os dons da graça. [...]<br />No projeto que me proponho, o de apoiar os louvores a São José, não em conjeturas duvidosas mas em doutrina sólida tirada das Escrituras divinas e dos Padres seus intérpretes fiéis, nada de mais conveniente posso fazer, na solenidade deste dia, do que apresentar este grande santo como um homem que Deus escolheu entre todos os outros para lhe pôr nas mãos Seu tesouro e fazê-lo, aqui na Terra, seu depositário. Pretendo fazer ver hoje que nada melhor lhe convém, que nada existe tão ilustre e que esse belo título de depositário, desvendando-nos os desígnios de Deus sobre esse bem-aventurado patriarca, nos mostra a fonte de todas as graças e o fundamento seguro de todos os louvores.<br />Primeiramente, cristãos, é-me fácil fazer-lhes ver o quanto esta qualidade é, para ele, honra, porque, se o título de depositário já inclui a nota de estima e testemunho de probidade, se para confiar um depósito costumamos escolher entre nossos amigos aquele cuja virtude é mais reconhecida, cuja fidelidade é mais comprovada, enfim o mais íntimo e mais confidente, qual não será glória de São José, que Deus fez depositário não somente da bem-aventurada Virgem Maria, cuja pureza angélica a torna agradável a Seus olhos, mas ainda de Seu próprio Filho, único objeto de suas complacências, única esperança de nossa salvação: de modo que guardando a pessoa de Jesus Cristo, São José é instituído depositário do tesouro comum de Deus e dos homens. Que eloqüência poderá igualar a grandeza e a majestade desse título?<br />Então, fiéis, se esse título é tão glorioso e vantajoso àquele a quem devo hoje fazer o panegírico, é preciso que eu mesmo penetre em tão grande mistério com o socorro da graça; e que, procurando nas Escrituras o que aí lemos sobre José, vos faça ver que tudo converge para esta bela qualidade de depositário.<br />Efetivamente encontro nos Evangelhos três depósitos confiados ao justo José pela Providência divina, e ali também encontro três qualidades que refulgem entre as outras e que correspondem a esses três depósitos. É o que precisamos explicar por ordem. Segui, por favor, atentamente.<br />O primeiro de todos os depósitos que foi confiado à sua fé (o primeiro na ordem do tempo) é a santa virgindade de Maria, a qual São José devia conservar intacta sob o véu sagrado do seu matrimônio, que ele sempre guardou santamente como um depósito sagrado que não lhe era permitido tocar. Eis o primeiro depósito.<br />O segundo, o mais augusto, é a pessoa de Jesus Cristo, que o Pai celeste depõe em suas mãos a fim de que lhe sirva de pai, ao Santo Menino que não o tem na Terra. Vede, desde já, cristãos, dois grandes, dois ilustres depósitos confiados ao zelo de São José. Mas observo ainda um terceiro, que acharão admirável, se eu conseguir explicá-lo com clareza. Para isso é preciso compreender que o segredo é uma espécie de depósito. Trair o segredo de um amigo é como violar a santidade do depósito. Pelas leis humanas sabemos que, se alguém divulga o segredo de um testamento a ele confiado, pode ser acusado de ter violado o depósito: Depositi actione tecum agi posse, dizem os juristas. É evidente, pois, a razão por que o segredo é como um depósito. Por onde podemos facilmente compreender que, se José é o depositário do Pai eterno, é porque Este lhe contou o Seu segredo. Que segredo? Um segredo admirável: a encarnação de Seu Filho.<br />Assim, porque, como sabemos, era desígnio de Deus esconder Jesus Cristo do mundo até que Sua hora houvesse chegado, São José foi escolhido não somente para O guardar mas também para O esconder. Por isso lemos no Evangelista (S. Lucas 2, 33) que José, com Maria, admirava tudo o que se dizia do Salvador, mas não lemos que ele falasse, porque o Pai eterno, desvendando-lhe o mistério, fez dele um segredo sob a obrigação do silêncio. Este segredo é o terceiro depósito que o Pai acrescenta aos outros dois. Segundo o que nos diz o grande São Bernardo, Deus quis confiar à sua fé o segredo mais santo de seu coração: Cui toto committeret secretissimum atque sacratissimum sui cordis arcanum (Super Missus est — hom. 2, no 15).<br />Como sois querido de Deus, ó incomparável José, já que Ele a vós confia esses três grandes depósitos: a Virgindade de Maria, a pessoa de Seu Filho único e o segredo de Seu mistério!<br />Mas não julgueis, cristãos, que ele desconhecia essas graças. Se Deus o honrava com aqueles três depósitos, de sua parte José apresentava a Deus, em sacrifício, três virtudes que observo no Evangelho. Não duvido que sua vida tenha sido ornada com todas as outras, mas eis aqui as três principais virtudes que Deus quer que vejamos na sua Escritura. A primeira é a pureza, que aparece pela continência no seu matrimônio; a segunda, sua fidelidade; a terceira, sua humildade e seu amor à vida obscura. Quem não verá a pureza de São José nesta santa sociedade de desejos pudicos, nesta admirável correspondência à Virgindade de Maria e em suas bodas espirituais? A segunda, sua fidelidade, aparece nos cuidados infatigáveis que tem para com Jesus no meio das tantas adversidades que por todas as partes seguem esse Menino divino desde o começo de sua vida. A terceira, sua humildade, vê-se em que, possuindo tão grande tesouro por uma graça extraordinária do Pai eterno, longe de se vangloriar por esses dons ou de publicar suas vantagens, se esconde tanto quanto pode aos olhos dos mortais, contemplando, em gozo pacífico com Deus, o mistério que lhe fora revelado e as riquezas imensas que tem sob sua guarda.<br />Ah! Quanta grandeza descubro aqui e como aqui descubro tão importantes instruções! Quanta grandeza vejo nesses depósitos, quantos exemplos vejo nessas virtudes! E como a explicação desse assunto tão belo será glorioso para São José e frutuoso para todos os fiéis!<br />(PERMANÊNCIA, ano XI, março/abril, números 112/113.) </div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-11999485266944210332008-12-22T16:15:00.002-02:002008-12-22T16:17:08.235-02:00VENI VENI EMMANUEL<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBMZd5zwkjTm7w-jMYmwf-lcqfz2R3nQjLYN08JG7ld4GKFEVQbBcrNCqdGPZJITS0R8f-YWumGiqs9ulgq-AB8yH_YvyoUq0w7DxiNT8_NHuYLOIC75QcowuPiA53hjel5qV_27UQkh8/s1600-h/tiepoloxmas.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282680091059258338" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 226px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBMZd5zwkjTm7w-jMYmwf-lcqfz2R3nQjLYN08JG7ld4GKFEVQbBcrNCqdGPZJITS0R8f-YWumGiqs9ulgq-AB8yH_YvyoUq0w7DxiNT8_NHuYLOIC75QcowuPiA53hjel5qV_27UQkh8/s320/tiepoloxmas.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-89023671084423993372008-12-22T13:11:00.002-02:002008-12-22T16:14:57.215-02:00NUVEM E RAIZ<div align="justify"> A nuvem sempre passa e constantemente se transforma. A raiz, ao contrário, busca a fixação.</div><div align="justify"> Ser nuvem ou ser raiz? Como nos situamos considerando esse paradoxo? Sou como raiz, me aprofundando nas minhas <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">convicções</span>, ou sou como nuvem, constantemente em mudança.</div><div align="justify"> Penso, nem só nuvem, nem só raiz, mas nuvem e raiz. Raiz, quando as tempestades passageiras, com suas nuvens carregadas se aproximarem, trazendo toda sorte de violentas e radicais transformações, desafiando nossas certezas, tombando as velas que nos conduzem a um destino bem programado, destruindo o que existe de sólido e duradouro..., ser como raiz, prender-se a terra, fixar-se, aprofundar-se cada vez mais quando a <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">ameaça</span> estiver próxima, quando a força do vento nos empurrar para o abismo, quando ceder é servir de munição contra si mesmo e contra o próximo. Ser nuvem, <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">transformar</span>-se, nascer de novo, viver uma nova vida, desapegar-se, livrar-se das correntes do mundo, ser leve, imperceptível, inatingível, flutuar por sobre as descabidas exigências, <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_3">desvincular</span>-se do mal, entregar-se aos ventos do Senhor. Assim, nuvem e raiz, tanto nuvem quanto raiz, tão extremamente opostos, mas ao mesmo tempo, feitos, agora, dependentes. </div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-29270334022776246482008-12-16T16:45:00.004-02:002008-12-17T13:00:24.127-02:00INTERIORIDADE<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFsEKSVPqgSJATanMX3ZZ8Bk3dnZpH13y3tlnKY8ZAUrrz3QucKxz8Y0dQAStVpuqfnbMDX68SCcIJJ0p4aqTiDaHqKna7e3kLUV2iHdc-kBfakbvJ8nbS9sCF4YK5FgEDaHbcc94HUBY/s1600-h/gse_multipart51356.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280774029516059538" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 144px; CURSOR: hand; HEIGHT: 219px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFsEKSVPqgSJATanMX3ZZ8Bk3dnZpH13y3tlnKY8ZAUrrz3QucKxz8Y0dQAStVpuqfnbMDX68SCcIJJ0p4aqTiDaHqKna7e3kLUV2iHdc-kBfakbvJ8nbS9sCF4YK5FgEDaHbcc94HUBY/s320/gse_multipart51356.jpg" border="0" /></a><br /><div><br /><br /><div align="justify"><strong><span style="font-size:78%;">POR SÃO BOAVENTURA</span></strong><br /><br /><em>"A alma humana distraída pelas preocupações da vida, não entra em si mesma pela<br />memória. Obscurecida pelos fantasmas da imaginação, não se recolhe em si mesma<br />por meio da inteligência. Seduzida pelas paixões, não volta mais a si mesma pelo<br />desejo da doçura interior e da alegria espiritual."</em><br /><em></em><br /><em>"A nossa alma, caída nas coisas sensíveis, não teria podido reerguer-se perfeitamente<br />para contemplar-se a si mesma e admirar em si mesma a Verdade eterna, se a<br />própria Verdade, tomando forma humana em Cristo, não se houvesse tornado a<br />escada que repara a antiga escada quebrada pelo pecado de Adão."</em></div></div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-61391679604737452702008-12-05T12:43:00.001-02:002008-12-05T12:45:05.240-02:00SERMÃO SOBRE AMBIÇÃO<div align="justify"><br />Jacques-Benigne Bossuet<br /><br />“Jesus, sabendo que o povo viria arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para a montanha”. (Jo, 6, 15)<br /><br />Reconheço Jesus Cristo nesta fuga generosa, que fê-lo buscar no deserto o asilo contra as honras que lhe preparavam. Quem acabava de se encher de opróbrios, devia evitar as grandezas humanas; a única exaltação que meu Salvador conhecia era aquela que o elevou na cruz; assim como se ofereceu a si ao decidirem o suplício, fugira, conforme seu espírito, ao lhe destinarem o trono.<br /><br />A fuga súbita e inesperada de Jesus Cristo para a montanha deserta, onde queria se esconder tão complemente que, nota o evangelista, não havia ninguém em sua companhia, permite-nos vislumbrar a extraordinária pressão que sente; como fosse ele todo-poderoso, nada temendo por si mesmo, havemos de concluir, com certeza absoluta, Senhores, que é para nos admoestar.<br /><br />Realmente, Cristãos, quando ele se agitou, diz Santo Agostinho, foi de indignação contra os pecados; quando se perturbou, afirma o mesmo Padre, foi de comoção pelos males; assim, quando temeu e fugiu, foi para admoestar dos perigos. Na sua presciência, ele vê em quantos perigos extremados nos arrisca o amor das grandezas: por isso, fugia diante deles para obrigar-nos a temê-los; demonstrando nesta fuga as terríveis tentações com que ameaçam as grandes fortunas, ensina-nos definitivamente que repreender a ambição é o dever essencial ao cristão. Não é empresa de pouca monta pregar tal verdade à corte, e devemos mais que nunca pedir a graça do Espírito Santo, pela intercessão da Santa Virgem: Ave.<br /><br />O desejo de combater a ambição, que é a alma daqueles que a seguem, é como desertar a corte; e o empalidecer os presentes da fortuna, dos quais os príncipes são os dispensadores, é como rebaixar a majestade.<br /><br />Mas os soberanos piedosos desejam apagar toda sua glória na presença daquela de Deus; e em vez de se ofenderem deste modo com a falsa diminuição de seu poder, tornam-se venerandíssimos, pois as gentes só os rebaixam, como bem sabem, se os comparam a Deus. Não tenhamos medo de publicar ferozmente na corte mais gloriosa do mundo que ela é incapaz de fazer qualquer coisa digna da estima dum cristão; desiludamos, se pudermos, os homens deste apego furioso ao que denominam fortuna; por isso, façamos duas coisas: façamos falar o Evangelho contra a fortuna, façamos falar a fortuna contra si mesma; o Evangelho nos desvelará suas ilusões, e ela por si revelará suas inconstâncias. Ou antes, vejamos um e outra na história do Filho de Deus. Enquanto acorriam para ele os povos, prometendo-lhe nada menos que um trono, ele desprezou de tal modo esta grandeza vã, que se desonrou a si e abateu seu triunfo com a companhia de tristes homens e miseráveis. Contudo, calcando aos pés a magnificência de seu esplendor, ele se quer exemplo da inconstância dos negócios humanos; no espaço de três dias, viu-se a fúria popular pregar na cruz aquele que o favor público julgara digno do trono. Daí, devemos aprender que a fortuna nada é; não somente quando tira, mas também quando dá, não somente quando muda, mas também quando fica, ela é sempre desprezível. Já começo, por favor, e vos peço, meus Senhores, de bem me escutar.<br /><br /><br />Primeiro Ponto<br /><br />Neste primeiro ponto, quero demonstrar que a fortuna nos jugula, ao mesmo tempo em que nos é liberal. Poderia expor seus desenganos à plena luz, provando como de costume que ela nunca cumpre o prometido; mas demonstrar que não dá sequer o que finge dar é algo ainda mais forte. Seu regalo mais caro, mais precioso e mais raro é o poder. É o encanto dos ambiciosos, do qual são zelosos ao extremo, não importando quão diminuta seja a parte que lhes caiba.<br /><br />Vejamos se ela verdadeiramente confere tal poder, ou se não passa dum nome altivo pelo qual embaça os olhos doentes. Para tanto, é preciso saber o poder que nos cabe, e de que poder temos necessidade, durante esta vida. Mas como se admira deveras a alma humana neste exame, tratemos de conduzi-lo pela via direita, através da doutrina de Santo Agostinho (Livro XIII, Sobre a Trindade).<br /><br />Este grande homem expõe aqui uma verdade importante, de que a felicidade requer duas condições: poder o que se quer, e querer o que se deve. Assim deve ser, pois se não podeis o que quereis, vossa vontade não ficará satisfeita; também, se não quereis o que deveis, vossa vontade não será regrada; uma e outra impedem a bem-aventurança, pois a vontade descontente é pobre, e a vontade desregrada é doente, o que exclui necessariamente a felicidade, que é a ordem perfeita da natureza, e sobretudo a afluência universal do bem. Por isso, é igualmente necessário desejar o que se deve e poder executar o que se quer.<br /><br />Acrescentemos, se quiserdes, o mais importante de tudo: a primeira vontade nos embaraça durante a execução, a segunda leva o mal consigo desde o princípio.<br /><br />Quando não podeis o que quereis, é uma causa externa o que vos impediu; quando não quereis o que deveis, a decepção acontece infalivelmente por causa de vossa depravação: enquanto o primeiro não passa de infelicidade, o segundo é sempre falta; mas só porque é falta, invisível a seus olhos, que é incomparavelmente uma grande infelicidade? Assim, ninguém pode negar, sem passar por louco, que a vontade regrada é um bem mais necessário à felicidade do que um imenso poder.<br /><br />É por isso, Cristãos, que me não espanto muito do desregramento das afeições e da corrupção dos julgamentos. Abandonamos a regra, diz Santo Agostinho, e suspiramos pelo poder.<br /><br />Cegos, que empreendemos nós? A felicidade possui duas metades, mas cremos possuí-la inteira, não obstante façamos separação violenta das duas partes. Ainda rejeitamos a mais necessária, e a que escolhemos, porque separada daquela companhia, não nos torna felizes, mas aumenta o peso de nossa miséria. De que serve o poder para uma vontade desregrada que, desejando mal, torna-se ainda pior ao exercê-lo? Não dizíamos, no último domingo, que o grande crédito dos pecadores é uma praga que Deus envia a eles? Por quê? Porque, Cristãos, juntar o desejo ruim à sua execução é jogar veneno numa chaga já mortífera, é acrescentar ao que já era muito. Não é como incendiar o humor maligno cujo veneno corroía-nos as entranhas? Reconhece o Filho de Deus que Pilatos recebeu de cima um imenso poder sobre sua divina pessoa: se fosse regrada a vontade deste homem, poder-se-ia regozijar empregando tal poder para castigar a injustiça e a calúnia, ou pelo menos para livrar a inocência. Mas como a prudência covarde de conservar seu posto havia-o corrompido, tal poder serviu apenas para firmar seu pensamento no crime de deicídio. Por isso, é o cúmulo da cegueira desejar um poder que se voltará contra nós mesmos, que matará a alegria e será funesto à virtude, antes de a vontade estar bem ordenada.<br /><br />Nosso imenso Deus, Senhores, nos dita outro proceder: quer ele conduzir-nos por vias retas, e não por precipícios. Eis porque ensina a seus servos a prática de querer o bem, e não desejar muito poder; a regrar os desejos, antes de buscar satisfazê-los; a buscar a felicidade por uma vontade bem ordenada, antes de consumi-la pelo poder absoluto.<br /><br />Mas já é tempo, Cristãos, para que apliquemos mais particularmente essa doutrina de Santo Agostinho. Que pedis vós, ó mortais? Que Deus vos dê muito poder? Respondo eu com o Salvador: Não sabeis o que pedis. Vede bem onde estais; vede a mortalidade que vos consuma, contemplai a figura do mundo que passa.<br /><br />Em meio a tanta fragilidade, sobre o que sustentais esta grande idéia de poder? Certamente, um título tão imponente deve se apoiar sobre algo: que encontrais sobre a terra que tenha força e dignidade o bastante para sustentar o título de “poder”? Abri os olhos, e penetrai a carapaça: sequer o maior poder do mundo consegue mais do que tirar a vida de um homem; é necessário então um tão grande esforço para matar um mortal, para lhe antecipar nalguns momentos o curso da vida que, por si só, se precipita? Não acrediteis, Cristãos, que alguém encontre o poder onde reine a mortalidade. Assim ordenou, acrescenta Santo Agostinho, a sábia providência: cabe aos homens mortais a observância da justiça; dar-se-lhes-á o poder na morada da imortalidade.<br /><br />Que exigis de nós ainda? Se desejarmos o necessário na vida presente, poderemos tudo o que quisermos na vida futura.<br /><br />Regremos a vontade pelo amor da justiça: no tempo propício, Deus nos coroará com a comunhão de seu poder. Se dedicarmos o momento da vida presente à correção dos costumes, dará ele a eternidade inteira para contentar os desejos.<br /><br />Creio que agora vedes, Senhores, que sorte de poder devemos almejar durante esta vida: poder para regrar os costumes, para moderar as paixões, para nos corrigir segundo Deus; poder de nós contra nós mesmos. Ó poder pouco invejado! E todavia o verdadeiro. As gentes combatem nosso poder de duas formas: ou impedindo-nos de levar adiante as empresas, ou turbando-nos o direito que temos de levá-las adiante; esta última é a verdadeira servidão, pois se ataca a autoridade do comando. Vejamos os exemplos de um e outro dentro da mesma casa.<br /><br />José era escravo em casa de Putifar, e a esposa deste senhor do Egito era a senhora desta casa. Aquele, durante o jugo da servidão, não era mestre de suas ações; e esta, tiranizada pelas paixões, não era mestre de suas vontades. Vede até onde a levou o amor infame. Ah!, sem dúvida, a menos que tivesse uma cara de madeira, teria ela vergonha de tal baixeza, mas a paixão furiosa lhe arrastava para baixo, como a um escravo.<br /><br />Chama o jovem, confessa tua fraqueza, rebaixa-te diante dele, torna-te ridícula. Poderia seu mais cruel inimigo aconselhar algo pior?<br /><br />Controla-a a paixão. Quem não vê, nesta mulher, que sua própria escravidão atou-lhe laços fortíssimos?<br /><br />Cem tiranos de tal sorte cativam a vontade, e sequer suspiramos! Regozijamos quando nos ligam as mãos, e sem pena arrastamos esses ferros invisíveis em que estão acorrentados os corações!<br /><br />Protestamos contra a violência, quando se encadeiam os ministros, os membros que executam; não suspiramos quando se cativa a rainha, a razão e a vontade que comandam!<br /><br />Desperta, escravo miserável, e reconhece esta verdade: se há grande poder no executar os desejos, há um maior e mais verdadeiro no reinar sobre as vontades.<br /><br />Quem soubera gozar da doçura deste império, pouco se dará, Cristãos, do crédito e do poder que a fortuna possibilita. E eis aqui o motivo: não existe obstáculo maior ao comando de si que o possuir autoridade sobre os outros.<br /><br />Com efeito, em nós há certa malignidade que espalhou nos corações o princípio de todos os vícios. Estão escondidos e guardados em centenas de recantos tortuosos, esperando a ocasião de levantar a cabeça. Tirar-lhes o poder é a melhor maneira de reprimi-los. Compreendera bem Santo Agostinho que, para curar a vontade, é preciso reprimir seu poder: Mas, os vícios escondidos seriam por isso menos viciosos? É a consecução que fá-los corruptos? Por acaso, deixar o veneno guardado no fundo do coração é curar a vontade? Eis o segredo: entregamo-nos a vontades impossíveis, a planos sempre frustros, tendo do crime somente a malícia. A malícia frustrada, por isso, começa a causar anojo; sua impotência leva-nos a querer e repulsar os seus favores; deste modo, toma-se mais facilmente o partido da moderação dos desejos. Primeiramente, fazemo-lo por necessidade; mas enfim, como o constrangimento é importuno, combatemo-lo seriamente e de boa-fé, bendizendo seu poderio ínfimo – eis a primeira providência em direção à cura.<br /><br />Pelo contrário, quem não sabe que quanto mais independente se torna uma pessoa, mais os vícios são indomáveis? Somos crianças que precisam dum tutor severo, ou a dificuldade ou o temor. Se não erigimos barreiras, as inclinações corruptas começam a se manifestar e aumentar, oprimindo a liberdade sob o jugo da licenciosidade desenfreada. Ah!, vemos demais disso todos os dias.<br /><br />Assim vede, Senhores, quanto a fortuna é enganosa, porque, em vez de conferir o poder, tira-nos até a Liberdade.<br /><br />Não é por acaso, Senhores, que o Filho de Deus ensina-nos a temer os grandes efeitos; o poder é princípio ordinário de extravio: exercendo-o nos outros, freqüentemente perdemos a nós mesmos; enfim, o poder é semelhante ao vinho perfumado, que embriaga até os mais sóbrios. O que souber refrear a ambição será mestre de suas vontades, e acreditar-se-á suficientemente poderoso, à condição que possa regrar os desejos, e se desengane dos negócios humanos, para não mensurar a felicidade pela elevação de sua fortuna.<br /><br />Escutemos, Cristãos, o que nos opõem os ambiciosos. É forçoso, dizem eles, distinguir-se: permanecer no usual é sinal de fraqueza, os gênios extraordinários sempre se desgarram da tropa, e conduzem o destino. Os exemplos dos que avançam parecem reprovar aos demais o pouco mérito, e é o desejo de distinguir-se que leva a ambição aos maiores excessos. Poderia eu combater, com muitos argumentos, a idéia de distinção. Poder-vos-ia representar este século como confuso, e afirmar que tudo está trocado, e que há de vir o dia derradeiro, no final dos séculos, para apartar os bons dos maus; e que a ambição cristã se deve inspirar neste discernimento claro e eterno. Poderia acrescentar ainda que é vão o esforço de se distinguir nesta terra, onde a morte logo vêm-nos arrancar dos lugares eminentes, abismando-nos a todos naquele lugar comum à natureza, o nada; desta forma, os mais fracos, rindo de vossa pompa fugaz e de vosso discernimento imaginário, dirão junto com o Profeta: ó homem poderoso e soberbo, que pensais que, por causa da grandeza, estais isento do jogo, eis aí vós ferido como nós, vós que sois semelhante a nós.<br /><br />Mas sem me prender a tais argumentos, limitar-me-ei a perguntar a essas almas ambiciosas por que caminhos pretendem se distinguir. O do vício é vergonhoso; o da virtude, longo. De ordinário, a virtude não é muito ardilosa para conquistar o favor dos homens; e o vício, sempre preparado para a obra, é mais ativo, mais instante, mais pronto que a virtude, que não se desvia das regras, que só caminha a passos contados, que só progride com medida. Desta feita, estareis entediados de tamanha lentidão; a pouco e pouco, vossa virtude fraquejará, e após ela abandonará aquela regularidade primitiva, acomodando-se aos humores do mundo. Ah!, como seria sábio se renunciásseis duma vez por todas a ambição! Talvez ainda ela vos causasse alguma pequena aflição, mas sempre a compraríeis pelo preço justo, sendo-vos mais fácil suportá-la agora, que quando vos abandonáveis às delícias das honrarias e dignidades. Vivei contentes do que sois, e sobretudo que o desejo de obrar o bem não vos faça almejar uma condição mais subida.<br /><br />Eis o incentivo ordinário dos ambiciosos: imploram sempre por platéia, erigem-se como reformadores contra os abusos, tornam-se severos censores de todos quantos vêem ocupar lugares eminentes. Para eles, sempre são belos os planos que meditam! Quantos conselhos sábios para o Estado! Quantos sentimentos nobres para a Igreja! Quantos regulamentos santos para a diocese! Em meio a tais desejos caritativos e pensamentos cristãos, dedicam-se ao amor do mundo, absorvendo insensivelmente o espírito do século; e finalmente, ao atingirem a meta, vão esperar pelas oportunidades, que marcham a passos de chumbo, e que enfim nunca chegam. Assim fenecem todos os bons desejos, evaporam como um sonho os excelsos pensamentos.<br /><br />Em conseqüência, Cristãos, sem suspirar nem arder por um poder mais elevado, diligenciemos a dar boa conta do poder que Deus nos confia. Um rio, para fazer o bem, não precisa transbordar de suas margens, nem inundar os campos; correndo pacificamente no leito, não deixa de regar a terra e de presentear suas águas aos povos, para maior comodidade pública. Assim, evitando que os pensamentos ambiciosos nos comprometam em trabalhos penosos, tratemos de conduzir nossas águas para bem longe, levados pelo sentimento de bondade; e ainda que em misteres humildes, tenhamos caridade infinita. Tal deve ser a ambição do Cristão que, desprezando a fortuna, ri-se das vãs promessas, e não experimenta revezes, dos quais só me resta dizer algumas palavras, nesta última parte.<br /><br /><br />Segundo Ponto<br /><br />A fortuna, grande mentirosa, num ponto pelo menos é sincera, pois não esconde suas artimanhas; ao contrário, exibe-as à luz do dia e, para além das leviandades ordinárias, de tempos em tempos se regozija de espantar o mundo com golpes terríveis e inesperados, como que para relembrar sua força na memória dos homens, com medo de que se esquecessem de suas inconstâncias, maldades e extravagâncias. O que me faz pensar que todas as benesses da fortuna não são favores, mas traições; que ela só nos oferece para nos manejar, e que os bens que dela recebemos não são regalos, mas armadilhas com que nos presenteamos para eternamente ficar entre suas mãos, sujeitos às viravoltas daninhas de seu poder duro e malicioso.<br /><br />Esta verdade, estabelecida sobre muitas experiências convincentes, deveria desenganar os ambiciosos em face dos bens da terra, mas, ao contrário, é justamente o que os obceca. Em vez de irem ao encontro de um bem sólido e eterno, sobre o qual não domina o acaso, e de desprezar por isso a fortuna sempre cambiante, a inconstância os persuade, fazendo-os dedicarem-se de todo a ela, para no mesmo passo perdê-la. Escutai o que se diz dum hábil e manhoso político. A fortuna eleva-o bem alto, e nesta elevação menospreza as almas mesquinhas que o cercam, e que se repastam nos seus títulos e exibições de grandeza. Acredita ele que apóia sua família sobre fundamentos certos, encargos consideráveis e riquezas imensas, que sustentarão eternamente a fortuna de sua casa. Ele pensa que está assegurado contra toda sorte de investida. Ó cego e imprevidente! Comporta-se como se estes magníficos apoios, com que busca proteger o poder da fortuna, não tirassem a força dele mesmo!<br /><br />Já se falou demais da fortuna, nesta cátedra da verdade. Escuta, homem sábio, homem previdente, que estende para tantos séculos vindouros as precauções da prudência: é o próprio Deus que te vai falar e confundir teus pensamentos vãos, pela boca do profeta Ezequiel: “Eis (a Assíria), é um cedro do Líbano, de magníficas ramagens, com espessa ramagem e elevada estatura, cujo cimo se alteia em meio às nuvens. As águas fizeram-no crescer; o abismo fê-lo altear-se, dirigindo suas águas para onde ele estava plantado, e enviando seus regatos a todas as árvores da região. Dessa forma dominava ele todas as árvores dos campos; seus galhos se alongavam, sua ramagem se desenvolvia, graças à abundância das águas que o tinham feito crescer. Em seus galhos se aninhavam todas as aves do céu. Sob seus ramos davam cria todos os animais dos campos à sua sombra descansava toda espécie de gente! Era belo por sua grandeza, pela extensão de seus galhos, porque suas raízes mergulhavam nas águas abundantes.”<br /><br />Eis aí uma grande fortuna, um século não vê muitas parecidas com essa; mas vede sua fisionomia e decadência: porque ele foi tão orgulhoso de seu porte, e ergueu o seu cimo até as nuvens, e o seu coração se ensoberbeceu devido à sua altitude, entreguei-o nas mãos de um poderoso das nações, que o tratará como merece a sua malignidade, e o destruirá”; “Os que repousavam a sua sombra, retirar-se-ão”, de medo de serem esmagados sob as ruínas. Ele sofrerá uma queda terrível, e o contemplarão estendido por sobre a montanha, fardo inútil da terra: Se durante a vida era ele mesmo seu próprio sustento, morrerá em meio a desejos insaciados, legando aos filhos menores negócios escusos, que arruinarão a família; ou Deus ferirá seu filho único, e o produto de seu trabalho passará para mãos estranhas; ou Deus dar-lhe-á como sucessor um dissipador que, vendo-se num átimo possuidor de muitos bens, cujo acúmulo não lhe custou nenhum gemido, gozará com os suores vãos dum homem insensato, que enriquecerá outro; quando advir a terceira geração, a má administração e as dívidas haverão de consumir toda a herança. “Em todos os vales, romper-se-ão os ramos desta árvore imponente”: quero dizer, as terras e os senhorios provinciais que acumulara, com tanto denodo e trabalho, serão partilhados por várias mãos; e os que testemunharem essa viravolta dirão, dando de ombros e vendo com admiração os restos da fortuna corroída: Era para isso a grandeza que o mundo apreciava?<br /><br />É esta a árvore imponente cuja sombra cobria a face da terra? Só resta agora um tronco inútil. É este o rio impetuoso que haveria de inundar a face da terra? Só vejo um pouco de escuma.<br /><br />Ó homem, que pensas tu fazer, e por que trabalhas em vão? – Mas eu saberei como seguir e aproveitar o exemplo dos outros: estudarei os percalços da política e de sua condução, e aí então levarei o remédio. – Precaução insensata! Também estes não se valeram dos exemplos dos que os precederam? Ó homem, não te enganes: o futuro encerra acontecimentos inauditos, e a fortuna humana sofre perdas e fugas por tantos orifícios, que queda impossível detê-las. Represas a água por um lado, mas ela penetra pelo outro, fervendo por debaixo da terra. - Contudo, gozarei do fruto do meu trabalho. - Há! Por uns dez anos, no máximo! - Mas tenho em mente minha posteridade e meu renome. - Talvez tua posteridade não a goze. - Talvez sim. - E tantos suores, e trabalhos, e crimes, e injustiças, sem jamais arrancar à fortuna, a quem te devotas, senão um mísero talvez! Tenha em mente que nada há de seguro para ti, nem mesmo um túmulo para nele gravar teus títulos de soberbo, as únicas testemunhas da grandeza abatida: a avareza ou a negligência dos herdeiros talvez os recusem à tua memória, pois que mal pensarão em ti anos depois de tua morte! Certas são as penas da rapina, a vingança eterna das concussões e da ambição infinita. Ó dignos restolhos da grandeza! Ó belos escolhos da fortuna; ó loucura, ó ilusão, eis a estranha cegueira dos filhos dos homens! Cristãos, meditai nessas coisas; Cristãos, seja quem for, se acreditais vos apoiar nesta terra, valei-vos deste pensamento para encontrar a solidez e a consistência. Sim, o homem deve ter um apoio, mas não se podem amesquinhar os desejos a horizontes tão estreitos como os desta vida; antes, deve inculcar-se a eternidade. Com efeito, o homem cuida, dentro do possível, para que o fruto de seu trabalho não tenha fim; ele não pode viver para sempre, mas deseja que sua obra subsista para sempre: esta obra é a fortuna, de que cuida, dentro do possível, para que os séculos vindouros a vejam como ele a engendrou. Na alma humana, existe um desejo ávido por eternidade; caso o homem saiba aplicá-lo, está salvo. Mas ele erra na hora de aplicá-lo e naquilo que ama: se ama os bens perecíveis, nisto medita a eternidade; assim, esforça-se em buscar apoios de todos os lados para este edifício caduco, apoios também eles tão caducos, que o edifício parece vacilar. Ó homem, desengana-te: se amas a eternidade, busca-a em si mesma, não acredites que possas aplicar a sua consistência inquebrantável nesta água passageira, nesta areia movediça [que é a vida presente]. Ó eternidade, estás só em Deus; melhor, ó eternidade, és o próprio Deus! É aí que vou buscar meu apoio, meu estabelecimento, minha fortuna, meu repouso certo, nesta e noutra vida. Ámen.<br /><br />Tradução: Permanência</div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-76878135322119131952008-12-03T14:34:00.003-02:002008-12-03T15:29:40.368-02:00CAMINHANDO...<div align="justify">Como tudo muda após a percepção do que é verdadeiramente vital... Tornam-se desnecessários todos os esforços despendidos sistematicamente em busca do nosso auto-engrandecimento. Essas conquistas que alimentam nossa vaidade e nos "engrandecem", nos empurram com violência para um afastamento completo do que na realidade <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">deveríamos</span> buscar. O mundo nos apresenta a sua <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">trajetória</span> de sucesso, que é, completamente oposta a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">trajetória</span> de sucesso de nossas almas. Quanto mais perseguimos o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">trajeto</span> apresentado pelo mundo, mais nos distanciamos do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">trajeto</span> apresentado por Nosso Senhor para nossas vidas. Os dois caminhos não se cruzam, não existem adaptações entre um e outro, não existem atalhos. Ou servimos o mundo e buscamos satisfazer nossas vaidades, ou renunciamos a nós mesmos e seguimos a Cristo. </div><div align="justify">O <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_5">mergulho</span> do homem em busca da satisfação própria, resulta, quando bem executado, num vazio entre o nada e a morte. De tão envaidecido, de tão orgulhoso com suas próprias conquistas, nada mais poderá lhe satisfazer, e mesmo que haja algo que ainda que desperte a sua ambição, nessa busca continua, encontrará, na sequência, a morte. ´</div><div align="justify">Renunciando, renunciando a si mesmo. Esse caminho ensinado pelo próprio Jesus, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">atualmente</span>, tem sido evitado pelos seus pretensos seguidores. Pretendem seguir o Mestre, porém, por outro caminho. O caminho apresentado pelo mundo lhes seduz, assim, tentam adapta-lo ao caminho verdadeiro. Triste sina...</div><div align="justify">O caminho da renuncia a si mesmo, o caminho do Senhor, o melhor <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">trajeto</span>, o caminho da salvação, o caminho da liberdade, o caminho da vitória, esse caminho passa bem distante da rodovia ofertada pelo mundo, e a chegada, não é o nada nem a morte, mais sim a VIDA. </div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-78754245086550484652008-12-02T15:12:00.001-02:002008-12-02T15:26:41.412-02:00O SOLDADO E O SANTO<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfGCZlz98UEl6rdLqiHYxtxOkOukXxYJjxnDODmlJfCT8CDystg7xOX4K8zzg4S6WnPDEprko6lHoap0kAcO2eIW-4QGLBrAcATc4j5L-vjME44Nf-9xRHgDIlSpdxVt_ZVzwAmsEJEyM/s1600-h/arnine1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275242201690859170" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 198px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfGCZlz98UEl6rdLqiHYxtxOkOukXxYJjxnDODmlJfCT8CDystg7xOX4K8zzg4S6WnPDEprko6lHoap0kAcO2eIW-4QGLBrAcATc4j5L-vjME44Nf-9xRHgDIlSpdxVt_ZVzwAmsEJEyM/s320/arnine1.jpg" border="0" /></a><br /><br />R.-Th. Calmel O.P.<br /><br /><br />Nós sabemos bem distinguir, e não confundimos de modo algum, o heroísmo dos santos e o do soldado. (...) Sim, nós distinguimos sem dificuldade os dois heroísmos e jamais identificamos o grito do herói tombado por uma “pátria carnal” com o cântico do santo que expira consumido pela caridade divina. Sabemos perfeitamente que as últimas palavras de Joana, agonizante, exprimem, acima de tudo, o heroísmo da santidade, e suas palavras só puderam ser aquelas porque, na sua alma, o heroísmo do chefe guerreiro estava iluminado, transformado pelo heroísmo da “Pucelle”, “filha de Deus”.<br /><br />Sempre ensinamos as distinções irredutíveis entre a natureza e a graça, mas não seremos nós que as transformaremos em oposições; e, por isso, depois de termos discorrido brevemente sobre o heroísmo dos santos, queremos agora exaltar o heroísmo do soldado.<br /><br />Pertencem a duas ordens distintas, é certo, mas uma ordem pode penetrar a outra, resplandecer através da outra, como a chama ardente através de um cristal. Fazemos questão, uma vez que falamos do heroísmo dos santos, lembrar o heroísmo guerreiro que só parecerá desprezível aos corações covardes, ou aos intelectuais cerebrinos, tornados abomináveis em suas cogitações egoísticas e vazias. Sem o heroísmo do soldado, a sociedade dos homens não terá recursos para discernir praticamente, concretamente que sua instituição visa mais alto do que à produção e ao consumo... Sem o heroísmo do soldado a sociedade entra em putrefação, e dentro dela as almas vivas estão a cada momento ameaçadas de asfixia. Sem o heroísmo do soldado, a sociedade, fechada sobre si mesma, torna-se semelhante, ora a uma usina colossal de portas aferrolhadas, ora a um circo gigantesco, ameaçado de desmoronar-se entre as chamas de um incêndio implacável.<br /><br />Não considero aqui as possibilidades e as vias pelas quais o soldado se degrada em mercenário [ou em puro técnico, com diria Bernanos]. Bem sabemos que essa degradação é possível. Também não me preocupa aqui a distinção entre o heroísmo da “guerra sem ódios” e o fanatismo demoníaco de um militarismo imperialista. A distinção se impõe. Mas o que quero assinalar, o que desejo indicar é que uma Cidade que despreza o soldado perde o senso de honra, torna-se indigna do homem, e não sabe mais, na prática, que o estabelecimento na terra não é o seu bem supremo. Pelo fato de estar a vida do soldado ligada de perto à vida da alma, e à vida sobrenatural, compreende-se que a sociedade moderna, infestada de materialismo, tenha pelo soldado uma sólida aversão. Ouçamos o que diz Bernanos: “O Estado Moderno, simples agente de transmissão entre a finança e a indústria, tem razão de farejar no exército uma outra Igreja, quase tão perigosa e quase tão incompreensível. Não detêm ambas, embora desigualmente, o segredo de formar os homens, sim, de formar os homens que um dia farão tudo dobrar-se diante deles pela única força do espírito, já que o herói não cede o passo senão diante do santo? Por isso, o Estado que prudentemente classifica o santo entre os alienados, obrigado a servir-se do herói em tempos de guerra, trata de só utilizar-se dele com medida, e com o mínimo de risco. A sociedade moderna sabe muito bem que a simples idéia de sacrifício, introduzida sem retoques em laboriosa moral de solidariedade, estouraria como uma bomba” — Bernanos “La Grande Peur des Bien-Pensants”.<br /><br />Tradução de parte do artigo publicado em “Itinéraires”, janeiro de 1969<br /><br /></div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-61427522147515210162008-12-01T14:27:00.002-02:002008-12-02T14:40:06.220-02:00AS DUAS VINDAS DO SENHOR<div align="justify"><span style="font-family:verdana;color:#3333ff;"><span style="color:#000000;">Do Comentário sobre o evangelho de Mateus por São Pascácio Radberto (séc. IX), monge beneditino:<br /><br />É preciso termos sempre em consideração uma dupla vinda de Cristo: uma, quando Ele vier e nós tivermos de prestar contas de tudo o que tivermos feito; a outra, quotidiana, quando Ele visita sem cessar a nossa consciência e vem a nós a fim de nos encontrar prontos por ocasião da sua vinda definitiva.<br /><br />Com efeito, para que me serve conhecer o dia do juízo, se estou consciente de tantos pecados? Saber que o Senhor vem, se Ele não vier primeiro ao meu coração, se não entrar no meu espírito, se Cristo não viver e não falar em mim?<br /><br />Então sim, é bom que Cristo venha se, antes que tudo, Ele vive em mim e eu nele. Para mim, é como se a segunda vinda se tivesse já realizado, uma vez que o desaparecimento do mundo já ocorreu em mim, porque de certa forma posso dizer: "O mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gl 6,14).<br /><br />Refleti também sobre esta palavra de Jesus: "Muitos virão em meu nome" (Mt 24,5). Só o Anticristo se apoderará deste nome, ainda que isso seja para nos enganar... Em nenhuma passagem da Escritura encontrareis que o Senhor tenha declarado: "Eu sou Cristo". Porque lhe bastava mostrar que o era, pelos seus ensinamentos e pelos seus milagres, uma vez que o Pai agia com Ele. O ensino da sua palavra e o seu poder gritavam: "Eu sou Cristo", com mais força do que milhares de vozes teriam gritado.<br /><br />Portanto, não sei se podereis achar que Ele o tenha dito em palavras, mas mostrou-o "cumprindo as obras do Pai" (Jo 5,36) e ministrando um ensino impregnado de piedade filial. Os falsos messias, que são disso desprovidos, só podem usar os seus discursos para suportar as suas pretensões enganadoras</span>.</span></div>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8847428418466702400.post-36185097809524142282008-12-01T13:42:00.001-02:002008-12-02T14:39:03.947-02:00INICIANDO OS TRABALHOS<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Inicio hoje os trabalhos nesse blog, que foi criado com a melhor das intenções, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">objetivando</span> inicialmente a participação e o conhecimento por parte de interessados dessa maravilhosa fase de minha vida : A CONVERSÃO. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Compartilharei aqui, preciosas palavras e ensinamentos que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">fortalecem</span> e consolidam minhas convicções. Espero, nesse sentido, contribuir para que os corações possam encontrar a verdadeira satisfação.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-family:verdana;">Nem tudo está perdido, Deus continua agindo. Seu exército vem sendo formado por resgatados das mãos do príncipe deste mundo...,alistem-se. A VERDADE não foi, nem nunca será superada.</span> </span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><br /><span style="font-family:courier new;"></span>WSoareshttp://www.blogger.com/profile/12259956429876831433noreply@blogger.com0